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“Despunição”

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Sim, a FIA é mais atrapalhada do que imaginávamos. Após ouvir o áudio da conversa que Lewis Hamilton teve com a sua equipe durante a entrada do último Safety Car na pista de Albert Park, a entidade decidiu desretirar devolver a posição de Trulli e simplesmente desclassificar Lewis e a McLaren (redundância, afinal só tinha um carro da equipe na pista) do GP da Austrália.

A decisão foi baseada no argumento de “conduta dúbia” de Hamilton e equipe. Essa conduta, segundo a entidade, ocorreu no depoimento do piloto aos comissários de bordo da corrida, no qual Miltão negou ter devolvido a posição à Trulli.

Desta maneira, a classificação até o momento final do GP da Austrália fica assim, ó:

1°. Jenson Button (ING/Brawn), 1h34min15s784 ( 58 voltas )
2°. Rubens Barrichello (BRA/Brawn), a 0s807
3°. Jarno Trulli (ITA/Toyota), a 1s604
4°. Timo Glock (ALE/Toyota), a 4s435
5°. Fernando Alonso (ESP/Renault), a 4s879
6°. Nico Rosberg (ALE/Williams), a 5s722
7°. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), a 6s004
8°. Sébastien Bourdais (FRA/Toro Rosso), a 6s298
9°. Adrian Sutil (ALE/Force India), a 6s335
10°. Nick Heidfeld (ALE/BMW) a 7s085
11°. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), a 7s374
12°. Mark Webber (AUS/Red Bull), a 1 volta
13°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), a 2 voltas
14°. Robert Kubica (POL/BMW), a 3 voltas
15°. Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari), a 3 voltas

A dúvida que fica, no momento, é se Lewis e cia. tentaram dar “um migué” pra cima dos comissários ou se tudo não passou de um sonho mal-entendido. Os interessados em lerem a transcrição oficial do diálogo entre Lewis e a turma da McLaren podem clicar aqui.

ps: post repleto de canetadas em homenagem à entidade máxima do automobilismo mundial.

A F-1 precisava disso

podio2Pouco importa se Brawn GP, Toyota e Williams estão fora do regulamento ou não. Fato é que a categoria máxima do automobilismo mundial precisava desse ar novo proporcionado pela mudança de regulamento. Regras essas que, embora muito criticadas, mostraram seu valor na primeira etapa do Mundial 2009. Ao meu ver, isso ocorreu por dois motivos principais: carros andando mais próximos e valorização da competência técnica em detrimento ao poder financeiro. Como escrevi abaixo: pela primeira vez em anos a FIA acertou em algo.

Jenson Button venceu com propriedade, de ponta a ponta e sem dificuldades. O único adversário à altura do inglês, Barrichello fez uma largada desastrosa – ficou praticamente parado no grid – e, em seguida, se envolveu num toque com Webber, o que danificou o spoiler dianteiro de sua Brawn. O brasileiro fez uma ótima corrida de recuperação e, no final, contou com os hormônios em ebulição de Vettel e Kubica. O polonês, com pneus duros e mais inteiros que os do alemão, tentou uma ultrapassem espírita. Vettel, por sua vez, defendeu a sua posição de maneira desastrada. Resultado: o 2º e 3º colocado deram adeus à disputa a poucas voltas do final. Barrichello, então 4º colocado, herdou a segunda posição. Talvez o primeiro lance de sorte na longa carreira do brasileiro.

Outro destaque positivo foi o desempenho das Toyotas, que largaram do box e terminaram na 3ª e 5ª posição, com Trulli e Glock, respectivamente. Já a Williams decepcionou, Rosberg perdeu muito rendimento no final, terminando em um insosso sétimo lugar. Nakajima honrou o DNA e encontrou o muro na 18ª volta.

As Ferraris foram meras coadjuvantes na corrida, com ambos os carros abandonando a prova. Massa, aparentemente com um problema mecânico, e Kimi, após rodar, vão embora de Melbourne com um gosto amargo. Ainda mais depois de ver a McLaren, sua rival dos últimos anos, terminar a prova com um surpreendente 4º lugar de Hamilton. Interessante foi ver os momentos nos quais a transmissão mostrava a câmera on board do carro do inglês. O carro prateado está realmente instável.

A Force India, mais especificamente com Fisichella, rendeu a cena cômica do dia: ao tentar parar no box, o italiano simplesmente errou o local da parada. Mais ridículo que isso, só o desempenho do ciclista Mark Webber. Ainda acho que a Red Bull deveria ter convencido o David Coulthard a continuar correndo e o australiano a se aposentar. Tá certo que DC desencanava da corrida na segunda volta. Mas, pelo menos, não passava pela humilhação que Webber passou hoje. Renault e Toro Rosso não merecem citação – fizeram corridas melancólicas, quase dramáticas.

Abaixo, o resultado final da primeira etapa do Mundial 2009 de Fórmula 1. Tabela gentilmente emprestada do Grande Prêmio.

resultado_australia

Equipe a equipe no treino de classificação

Brawn GP – Estupenda. Sensacional. Mágica. São diversos os adjetivos para qualificar o desempenho da equipe. Fez a pole, e não só isso. Dominou as três sessões do treino com uma autoridade pouco vista nos últimos tempos. Mesmo com seus difusores sub-júdice (o que, no entanto, mesmo se julgado ilegal pela FIA, não afetará os resultados das primeiras corridas), a equipe mostrou organização e tem dois pilotos eficientes. Button foi pole, mas pela proximidade do resultado, não haveria nenhuma surpresa se Barrichello o fosse.

Red Bull – Conseguiu um terceiro lugar com o fantástico Sebastian Vettel. Mais importante que isso, entretanto, foi demonstrar que o carro da equipe, apesar da baixa quilometragem, tem potencial. Mark Webber foi relativamente bem nas duas primeiras partes do treino, contudo, na última, foi apenas o décimo colocado. Deverá comer a poeira de Vettel no decorrer do ano.

BMW – Robert Kubica conseguiu um surpreendente quarto lugar no grid. Esperava mais da BMW, visto que a equipe desenvolve o modelo F1.09 desde o meio da temporada passada. Nick Heidfeld, que corre com o único carro da equipe equipado com o Kers, ficou com um apagado 11º lugar.

Williams – Pequena decepção com Nico Rosberg e grande decepção com Kazuki Nakajima. No caso do Rosberguinho, não que largar em 5º seja um desastre, mas por ter dominado todos os treinos livres, fica um gosto amargo. Nakajima larga em 13º, posição desastrosa pelo potencial demonstrado pela equipe.

Ferrari – Sexta posição com Massa, sétima com Raikkonen. Não usa o tal difusor mágico. Lembremos, pois, que a Red Bull também não usa. Não está mais pesada que os competidores que largam à frente. Portante, o desempenho da equipe italiana foi de médio para ruim. Tem dois pilotos de qualidade, entretanto, o que pode dar alguma esperança para a equipe durante a corrida. No máximo, brigará por um pódio.

Renault – O carro da Renault é ruim. Dito isso, vemos Fernando Alonso em 10º, posição que pode ser creditada 100% à habilidade do piloto. Com a punição a Lewis Hamilton e à equipe Toyota, Nelsinho Piquet subiu para 14º. O treino dele, contudo, foi desastroso, já que não havia sequer passado da primeira parte. Ano difícil à vista.

McLaren – De Flecha de Prata à Âncora de Prata. A McLaren de 2009 não é nem sombra da equipe dos últimos anos. Kovalainen, quem diria, classificou-se à frente de Hamilton, em 12º. O inglês, por sua vez, enfrentou problemas de câmbio. A peça precisou ser trocada e, com isso, veio a punição. Sai em 18º, pior posição de largada da sua carreira na F-1. Com um carro não tão bom em mãos, terá que provar seu talento no decorrer da temporada.

Toro Rosso – Se o carro não é ruim – já que tem o mesmo berço do Red Bull -, faltaram mais testes. A equipe dos Tiões tem o único estreante da temporada, Buemi, que sai em 13º. Bourdais, por sua vez, começou mal a temporada e sai apenas em 17º.

Force India – Fez o que se espera da equipe. Tem um bom conjunto motriz, o mesmo câmbio da McLaren e o mesmo motor do time de Woking e da Brawn. O problema está na aerodinâmica do carro. Fisichella sai em 15º e Sutil, em 16º.

Toyota – Seu desempenho durante os treinos foi bom. Largaria bem se a FIA não houvesse descoberto uma irregularidade nas asas do carro da equipe, que seriam flexíveis demais. Punida, sai em 19º com Glock e em 20º com Trulli.

E não era blefe…

classificacaoaustralia

Durante os dias que antecederam o GP da Austrália de Fórmula 1, diversas pessoas me perguntaram sobre o desempenho da Brawn GP. Longe de mim ser um oráculo ou um adivinho para saber se o desempenho da nova equipe do grid era real ou meramente um esforço para angariar patrocinadores. Minha resposta para tal pergunta era sempre a mesma. “Duvido que alguém blefe com tanta eficácia assim. Ela pode não ser esse foguete, mas dará trabalho”.

Pois então, o que vimos no primeiro treino de classificação da temporada 2009 de F-1 foi uma das raras vezes em que o desempenho demonstrado pelas equipes na pré-temporada se confirmou. Deixemos de lado a questão dos difusores de ar polêmicos: a Brawn sobrou na pista. Posso queimar a língua, mas tenho certeza de que o tal difusor não é responsável por 100% desse desempenho. O carro é bem nascido e numa temporada com tantas mudanças de regras, isso faz a diferença. Vide a Renault em 2005.

Soma-se a isso dois pilotos em busca de redenção. Jenson Button, no início dos anos 2000, era considerado um fenômeno. Uma sequência de Mundiais com carros ruins relegou o inglês à categoria das eternas promessas. A chegada de Lewis Hamilton foi, momentaneamente, a pá de de cal em cima da carreira de Button.

Rubens Barrichello, por sua vez, foi considerado por muitos um ex-piloto. Ressurgiu na categoria por meio de um voto de confiança de Ross Brawn, O Competente,  e está aí, mostrando que é rápido. E, como disse, pela primeira vez terá um carro competitivo em uma equipe sem uma hierarquia definida entre seus pilotos. Tem, pois, a chance para a qual lutou em toda sua carreira.

Mais do que o desempenho excepcional da Brawn, o mais importante foi ver que o Mundial 2009 tem tudo para privilegiar a competência em detrimento ao poder financeiro. Caso isso se confirme no decorrer da temporada, serei obrigado a parabenizar a FIA pelas medidas tomadas. A entidade pisa na bola frequentemente, mas, ao que parece, acertou dessa vez. É o que veremos.


Quem acelera aqui

Rodrigo Lara é jornalista e tem 24 anos. Viciado em esportes, curte especialmente aqueles que reúnem gasolina, velocidade e carros.

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