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Sobre o acidente de Felipe Massa

Existe uma pequena diferença entre infelicidade e fatalidade. Felizmente, o caso do acidente de Felipe nos treinos classificatórios para o GP da Hungria não resultou em uma tragédia – ao contrário do ocorrido com Henry Surtees, na F-2 – e, no final, isso é o que importa.

Por se tratar de uma infelicidade, não acredito que o ocorrido com o brasileiro resulte em mudanças drásticas na segurança da categoria. Atualmente, os carros de F-1 são seguros e prova disso é que há 15 anos não acontece nenhuma morte nas pistas. Basta lembrar que, em 2007, Robert Kubica sofreu um acidente de proporções catastróficas no Canadá e saiu inteiro.

Por sua vez, o que ocorreu com Massa mostra que não é possível controlar todas as situações. A própria circunstância do acidente – uma peça soltar-se do carro de Barrichello, quicar pela pista e atingir exatamente a única parte exposta do piloto que vem atrás – é atípica, improvável de acontecer.

E justamente essa improbabilidade que diferencia os acidentes de Massa e Surtees. O caso do piloto da F-2, atingido por um pneu errante pela pista, denota de uma falha de equipamento. Após Jack Clarke bater, o cabo de kevlar (material usado, por exemplo, em coletes à prova de bala) deveria prender a roda e evitar que ela soltasse, o que não acabou acontecendo e vitimou o jovem piloto britânico.

Sorte

Ao analisarmos a dinâmica do acidente de Massa, é possível concluir que o brasileiro teve uma dose cavalar de sorte. A começar pelo formato da peça, uma mola. Cilíndrica e sem possuir pontas, atingiu exatamente acima da viseira do capacete. Tivesse colidido alguns centímetros mais abaixo, possivelmente o destino de Massa seria outro, mesmo levando em conta que as viseiras dos capacetes Schuberth – marca usada pelo piloto – seja à prova de balas. Caso fosse pontiaguda, poderia ter causado danos mais graves e, talvez, fatais.

Outro fator determinante para a sobrevivência do brasileiro foi a resistência do seu equipamento. Como dito acima, além das viseiras à prova de balas, os capacetes da marca alemã são feitos de kevlar e fibra de carbono, contrução semelhante à das células de sobrevivência dos carros.

Por fim, Massa também teve sorte em não bater a toda velocidade. Após ser atingido pela mola, perdeu a consciência e seus pés apoiaram-se sobre ambos os pedais, fazendo o carro frear e acelerar ao mesmo tempo. Mesmo que a pressão no pedal de freio tenha sido insuficiente para parar o carro, ela ajudou a evitar que sua velocidade aumentasse. Bater a toda velocidade, segurando o volante, poderia ter causado traumas em suas mãos e pés.

Abaixo, coloco um vídeo com uma simulação do acidente em 3D, além de depoimentos de chefes de equipe e pilotos. Massa está internado no hospital militar de Budapeste. Está em coma induzido, procedimento utilizado para tratar lesões cerebrais – além do corte, Felipe teve uma pequena contusão no cérebro, resultando em um edema. Fisicamente, deverá ter uma recuperação plena. Psicologicamente, só o futuro dirá.

Webber, 130

Nurburgring já foi a corrida mais temida da F-1. O inferno verde do Nordschleife, com seus poucos mais de 20 km, foi um dos primeiros circuitos tradicionais da categoria a ser mutilado e “modernizado”, tudo em prol da segurança. O traçado utilizado atualmente, ao sul do antigo, foi palco da primeira vitória de Mark Webber na F-1, após 130 GPs do piloto. Também marcou a primeira vez que ouvi o hino australiano em todos esses anos que eu acompanho a categoria.

O “debut” de Webber por pouco não ocorre. Na largada, Rubens Barrichello, segundo colocado, arrancou bem e emparelhou com o australiano, pole. Numa manobra desastrada, ele acertou Rubinho e, por pouco, não pega Hamilton, que surgiu sei-lá-da-onde.

Permitam-me uma observação. O inglês foi um caso curioso na corrida: assumiu a ponta por breves metros após a largada, espalhou na primeira curva, furou um pneu, ficou adquirindo quilometragem na pista e viu chuva onde não existia. Fim da observação.

Mesmo atingido por Webber, Rubens assumiu a ponta. Cumpria-se assim a primeira parte da sua estratégia. Difícil mesmo era cumprir a segunda: abrir distância de um constante Webber. Uma ajudinha foi dada com a punição ao piloto da Red Bull, que teve que fazer um drive through nos pits pelo zigue-zague na largada.

A sorte de Rubens, contudo, terminou aí. A Brawn teve sérios problemas com o rendimento dos pneus, em especial ao usar os compostos mais moles. Desta forma, mesmo com um carro mais leve, não era possível abrir distância dos demais pilotos, algo que fundamental para sustentar a estratpegias de 3 paradas da equipe. Para piorar, depois do primeiro pit o brasileiro voltou atrás de Felipe Massa, que vinha fazendo uma corridaça. Segurado pelo ritmo inferior da Ferrari, Rubinho viu sua corrida começar a ir pro vinagre: Webber não só havia descontado o tempo perdido com a punição, como também abria vantagem.

A segunda tragédia do final de semana de Rubens aconteceu no seu segundo pit. Um defeito na mangueira de combustível – aparentemente no bocal do equipamento – custou cerca de quatro segundos ao brasileiro. Era o suficiente para seu companheiro e líder do campeonato, Jenson Button, se aproximar. Enquanto isso, Webber liderava tranquilo, seguido por Vettel.

A tragédia Barrichelliana teve seu ápice no terceiro pit-stop. Rubens foi chamado para os boxes antes de Button. No GP das novidades, vimos a primeira troca de posições clara na Brawn. Dado o salto de desempenho da Red Bull, uma ordem justa na busca pelo campeonato. E um enorme financiamento para debates esportivos durante a semana.

Após um trecho final bastante calmo e uma comemoração pra lá de exaltada, Webber finalmente soube como é beber champagne no alto do pódio. Mais uma vez a Red Bull apresenta um desempenho para lá de convincente. O suficiente, pelo menos, para a turma de Brackley ligar o sinal amarelo.

Abaixo, a tabela de tempos. Créditos ao Grande Prêmio.

Vettel quebra sequência de Button. É suficiente?

A vitória do alemão Sebastian Vettel (a.k.a. futuro melhor piloto do mundo) em Silverstone deu uma nova esperança aqueles que não gostariam de ver o título do Mundial 2009 sendo decidido com uma desagradável e grande antecedência. Na Inglaterra, o jovem simplesmente esmagou a concorrência e levou sua segunda vitória para casa. Completaram o pódio Mark Webber – que, até o momento vive a melhor temporada de sua carreira – e Rubens Barrichello, que pela primeira vez em 2009 chegou à frente de Jenson Button.

A corrida em si foi um tanto monótona, principalmente se considerarmos a disputa entre os ponteiros. Com poucas voltas, Vettel já abrira uma dezena de segundos para os adversários. Enquanto isso, Webber, com um carro mais rápido e com mais gasolina que Rubens, ultrapassou o brasileiro na primeira janela de pit stops, o que era previsível.

Destaque mesmo vai para as brigas entre Alonso, Hamilton e Piquet (que, pela primeira vez no ano terminou uma corrida na frente do companheiro de equipe) e para a corrida de Felipe Massa. O brasileiro largou em 11º e, com um ritmo constante e rápido durante a prova, fechou a corrida em 4º.

Respondendo à pergunta que deixei no título: não. Apesar da vitória e de um resultado ruim de Button, Vettel ainda não pode ser considerado como uma ameaça ao (provável) título do inglês. Mesmo com um RB5 mais competitivo, as Brawn ainda figuram como os carros da temporada: mesmo quando não rendem tão bem, são confiáveis o suficiente para garantir pontos aos seus pilotos. Nessa situação, é improvável que o título não fique em Brackley.

Abaixo a classificação final da corrida, retirada do Grande Prêmio. E no próximo post finalmente comentarei a razão da minha economia de palavras sobre F-1 por aqui nos últimos tempos: a briga política entre Fota e Fia.

classificacao_inglaterra

Teorias Barrichellanas

Teoricamente eu já teria ganho pelo menos três das seis corridas que ele [Button] ganhou. Mas toda a minha explicação é olhada no Brasil como uma desculpa. Isso não vejo em nenhum outro lugar onde dou entrevista.

Dissertem nos comentários.

Button, na Turquia

Está ficando chato. O Mundial 2009 está com a cara daqueles conquistados com antecedência por Michael Schumacher. Button venceu mais uma vez. E não só isso: venceu com a costumeira superioridade absurda e absoluta.  Completaram o top 3 Webber e Vettel.

Nem dá muita vontade de escrever sobre uma corrida como a realizada em Istambul. As emoções foram reservadas para a largada, quando Barrichello literalmente empacou no grid e deu muita sorte de não ser atingido por nenhum carro,  para o erro de Vettel nas primeiras voltas, o que lhe custou o primeiro lugar, e para a ultrapassagem de Nelsinho sobre Hamilton, que, no final das contas, pouco adiantou.

Passados esses momentos, restava a tentativa tresloucada de Barrichello para recuperar posições e uma mudança de estratégia da Red Bull, que fez com que Vettel realizasse três pit stops, na impossível missão de superar Button. Não só não conseguiu como o alemão ainda foi superado pelo companheiro de equipe, Mark Webber. O resto do grid seguia numa procissão imutável.

Sobre Rubens, li um comentário por aí muito verdadeiro. Se fosse em Interlagos, ele protagonizaria a primeira anti-largada do automobilismo mundial, já que o grid do circuito brasileiro fica em uma subida. Problemas com a embreagem ou não, abandono quando ia levar uma volta de Button ou, oficialmente, por problemas no câmbio, tanto faz: só um milagre coloca o brasileiro na disputa pelo título. Milagre como os que Barrichello costuma acreditar, ao falar que espera um “tropeço” de Button para reagir.

Senta e espera, meu caro.

Abaixo a folha de resultados. Créditos ao Grande Prêmio.


Quem acelera aqui

Rodrigo Lara é jornalista e tem 24 anos. Viciado em esportes, curte especialmente aqueles que reúnem gasolina, velocidade e carros.

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